- Pós-operatório e reabilitação de prótese do quadril
A retomada de uma vida ativa e sem dor é o principal objetivo após a cirurgia de prótese do quadril. Dúvidas são frequentes a respeito da recuperação, especialmente quando voltar a dirigir, atividades sexuais, esportes, subir escadas e acompanhamento. Um programa de reabilitação organizado ajuda os pacientes nestas questões e reduz o mancar, acelera a recuperação da função e o retorno a uma vida ativa.
Muitas vezes o paciente tem dificuldade para entender as orientações no período precoce após a cirurgia. Deste modo, o processo de recuperação ideal inicia-se antes da cirurgia, informando quais serão as etapas da reabilitação e os objetivos. Isto motivará o paciente e tornará o processo mais natural. Pode-se usar a consulta pré-operatória para ensinar o uso dos dispositivos auxiliares de marcha, como dar os passos e como prevenir a luxação (deslocamento) da prótese. A criação de um vínculo com o fisioterapeuta também é uma vantagem de iniciar a reabilitação antes da cirurgia. Período logo após a cirurgia Após o procedimento cirúrgico o paciente é levado à sala de recuperação anestésica. Ele é mantido deitado de barriga para cima com as pernas levemente abertas, às vezes utilizando-se um dispositivo chamado “triângulo de abdução” para evitar movimentos excessivos que poderiam deslocar a prótese. Aparelhos de compressão pneumática podem ser empregados para estimular o retorno venoso ao comprimir as panturrilhas, e são ligados algumas horas após a cirurgia ou no dia seguinte. |
A retomada da dieta depende do tipo de anestesia aplicada e o estado de consciência do paciente, a maioria podendo ingerir líquidos dentro das primeiras 3 horas após a cirurgia. Uma radiografia de controle da artroplastia é realizada logo após a cirurgia ou no dia seguinte. Pacientes com risco aumentado, doenças associadas ou complicações durante a cirurgia eventualmente ficam na unidade de tratamento intensivo (UTI) ou semi-intensivo durante a recuperação anestésica. O uso de medicações anti-trombóticas orais ou injetáveis é indicado em alguns pacientes. Saiba mais sobre trombose e outras complicações após artroplastia.
Primeiro e segundo dias após a cirurgia
A reabilitação é influenciada pela idade do paciente, o estado de consciência, a complexidade da cirurgia, o tipo de prótese e o estado de saúde antes da cirurgia. As cirurgias de revisão geralmente tem uma recuperação mais lenta.
A seguir descreveremos o progresso de recuperação para a maioria dos pacientes nos primeiros dois dias após a cirurgia:
Alguns cirurgiões adotam uma recuperação mais agressiva, com o paciente iniciando a marcha no dia da cirurgia ou no dia seguinte.
Terceiro a sexto dias
A maioria dos pacientes tem alta hospitalar entre o 3° e 6° dias após a cirurgia, quando em geral estão aptos a deixar a cama sozinhos e caminhar em superfícies planas com o auxílio de andadores. No hospital ou fora dele o processo de reabilitação deve continuar. A transição do uso de andador para muletas depende muito da idade do paciente, geralmente ocorrendo de 1 a 4 semanas após a cirurgia. Aqui é importante considerar o conceito de idade fisiológica, desde que pacientes com 50 anos são muitas vezes funcionalmente mais velhos que pacientes com 70 anos. Assim, a idade cronológica não deve ser considerada isoladamente.
Sete dias a sexta semana
Neste período os exercícios de reforço muscular são gradualmente diversificados. A maioria das luxações em artroplastia do quadril ocorre nas primeiras seis semanas. As precauções para luxação devem ser reforçadas e ser baseadas nos testes de estabilidade realizados durante a cirurgia. Após a inserção da prótese, o cirurgião move o quadril e recorda quais movimentos fazem a prótese deslocar. Estas informações são utilizadas pelo fisioterapeuta para orientar o paciente. O uso de elevação no vaso sanitário pode ser útil para evitar a flexão excessiva do quadril. Quando deitado sobre o lado não operado, o paciente deve utilizar um espaçador entre as pernas, como por exemplo travesseiros ou almofadas largas.
A carga que o paciente pode apoiar e o momento de deixar as muletas dependerão de alguns fatores como:
Sexta semana adiante
Os pacientes em geral chegam a sexta semana pós-operatória caminhando bem. Entretanto, é após a sexta semana que os exercícios são intensificados. Pacientes com próteses primárias do quadril (primeira cirurgia de prótese) estão normalmente aptos a andar sem muletas em 6 semanas. Estudos demonstram que a recuperação da força muscular normal no quadril demora mais de 6 meses na maioria dos pacientes. Assim, exercícios de reforço muscular devem ser mantidos em longo prazo, com aumento gradual na exigência à musculatura.
Primeiro e segundo dias após a cirurgia
A reabilitação é influenciada pela idade do paciente, o estado de consciência, a complexidade da cirurgia, o tipo de prótese e o estado de saúde antes da cirurgia. As cirurgias de revisão geralmente tem uma recuperação mais lenta.
A seguir descreveremos o progresso de recuperação para a maioria dos pacientes nos primeiros dois dias após a cirurgia:
- Exercícios isométricos (contração dos músculos sem movimento das articulações) e respiratórios são realizados repetidas vezes no primeiro dia pós-operatório.
- Os pacientes são ensinados a se moverem de forma segura. Sentam no leito ou em uma cadeira no primeiro dia após a cirurgia.
- Se drenos foram usados, eles usualmente são retirados em 24 a 48 horas.
- Exercícios de movimentação do membro inferior e do quadril são iniciados no segundo dia, além do treino de marcha com andadores.
Alguns cirurgiões adotam uma recuperação mais agressiva, com o paciente iniciando a marcha no dia da cirurgia ou no dia seguinte.
Terceiro a sexto dias
A maioria dos pacientes tem alta hospitalar entre o 3° e 6° dias após a cirurgia, quando em geral estão aptos a deixar a cama sozinhos e caminhar em superfícies planas com o auxílio de andadores. No hospital ou fora dele o processo de reabilitação deve continuar. A transição do uso de andador para muletas depende muito da idade do paciente, geralmente ocorrendo de 1 a 4 semanas após a cirurgia. Aqui é importante considerar o conceito de idade fisiológica, desde que pacientes com 50 anos são muitas vezes funcionalmente mais velhos que pacientes com 70 anos. Assim, a idade cronológica não deve ser considerada isoladamente.
Sete dias a sexta semana
Neste período os exercícios de reforço muscular são gradualmente diversificados. A maioria das luxações em artroplastia do quadril ocorre nas primeiras seis semanas. As precauções para luxação devem ser reforçadas e ser baseadas nos testes de estabilidade realizados durante a cirurgia. Após a inserção da prótese, o cirurgião move o quadril e recorda quais movimentos fazem a prótese deslocar. Estas informações são utilizadas pelo fisioterapeuta para orientar o paciente. O uso de elevação no vaso sanitário pode ser útil para evitar a flexão excessiva do quadril. Quando deitado sobre o lado não operado, o paciente deve utilizar um espaçador entre as pernas, como por exemplo travesseiros ou almofadas largas.
A carga que o paciente pode apoiar e o momento de deixar as muletas dependerão de alguns fatores como:
- Tipo de prótese usada.
- Uso de enxerto.
- Necessidade de osteotomia (corte no osso).
- Ocorrência de fratura intra-operatória.
- Qualidade óssea do paciente.
Sexta semana adiante
Os pacientes em geral chegam a sexta semana pós-operatória caminhando bem. Entretanto, é após a sexta semana que os exercícios são intensificados. Pacientes com próteses primárias do quadril (primeira cirurgia de prótese) estão normalmente aptos a andar sem muletas em 6 semanas. Estudos demonstram que a recuperação da força muscular normal no quadril demora mais de 6 meses na maioria dos pacientes. Assim, exercícios de reforço muscular devem ser mantidos em longo prazo, com aumento gradual na exigência à musculatura.
Alguns pacientes necessitam exercícios de alongamento para a musculatura do quadril. A contratura muscular pode dar a falsa impressão ao paciente de que a perna operada está mais curta ou longa. Conforme a função muscular e mobilidade evoluem, o paciente é ensinado a colocar os sapatos, vestir-se, pegar objetos no chão e outras atividades de uma maneira segura. As orientações para evitar o deslocamento da prótese são reforçadas. Uma radiografia de controle é geralmente realizada na sétima semana. Se tudo estiver bem, o paciente retorna a consulta aos 3, 6 e 12 meses após a cirurgia, e depois anualmente. Consultas fora destas datas são realizadas na ocorrência de fatos novos ou em casos especiais
Dúvidas frequentes
Quando voltar a dirigir?
A maioria dos pacientes pode retornar a dirigir carros depois de 6 a 8 semanas nos casos de cirurgia primária a direita. Pacientes com artroplastia do quadril no lado esquerdo podem dirigir mais precocemente dependendo do modelo do carro. A recuperação da força, da capacidade de ficar sentado e do tempo de reação determinam quando retornar.
Quando retomar as atividades sexuais?
Oito semanas são em geral necessárias para os pacientes retomarem as atividades sexuais após a cirurgia de artroplastia. O cirurgião e o fisioterapeuta devem orientar quais posições podem ser utilizadas dependendo dos testes de estabilidade realizados durante a cirurgia.
Como subir e descer escadas?
De maneira geral o paciente deve subir um degrau por vez, sempre usando a perna não operada para avançar e após trazendo a perna com a prótese no mesmo degrau. Para descer as escadas a perna operada deve ser a primeira a avançar, seguida da não operada no mesmo degrau. Alteração na função dos membros superiores pode determinar mudança na maneira como alguns pacientes sobem escadas e usam as muletas.
Quais esportes posso fazer?
Alguns estudos demonstram que pacientes mais ativos e que realizam exercícios de impacto apresentam maior taxa de afrouxamento e desgaste da prótese de quadril. Assim, atividades como futebol, tênis, corrida ou escalada provavelmente reduzirão a vida útil da prótese. Atividades como caminhada, ciclismo, golfe e natação parecem mais seguras. Entretanto, os materiais utilizados em artroplastias de quadril evoluíram muito nos últimos anos e não se tem certeza das consequências dos exercícios na durabilidade das próteses. Também, existem pacientes que não vêem suas vidas sem atividades físicas de impacto. Estes pacientes podem ser candidatos a tipos especiais de próteses.
Dúvidas frequentes
Quando voltar a dirigir?
A maioria dos pacientes pode retornar a dirigir carros depois de 6 a 8 semanas nos casos de cirurgia primária a direita. Pacientes com artroplastia do quadril no lado esquerdo podem dirigir mais precocemente dependendo do modelo do carro. A recuperação da força, da capacidade de ficar sentado e do tempo de reação determinam quando retornar.
Quando retomar as atividades sexuais?
Oito semanas são em geral necessárias para os pacientes retomarem as atividades sexuais após a cirurgia de artroplastia. O cirurgião e o fisioterapeuta devem orientar quais posições podem ser utilizadas dependendo dos testes de estabilidade realizados durante a cirurgia.
Como subir e descer escadas?
De maneira geral o paciente deve subir um degrau por vez, sempre usando a perna não operada para avançar e após trazendo a perna com a prótese no mesmo degrau. Para descer as escadas a perna operada deve ser a primeira a avançar, seguida da não operada no mesmo degrau. Alteração na função dos membros superiores pode determinar mudança na maneira como alguns pacientes sobem escadas e usam as muletas.
Quais esportes posso fazer?
Alguns estudos demonstram que pacientes mais ativos e que realizam exercícios de impacto apresentam maior taxa de afrouxamento e desgaste da prótese de quadril. Assim, atividades como futebol, tênis, corrida ou escalada provavelmente reduzirão a vida útil da prótese. Atividades como caminhada, ciclismo, golfe e natação parecem mais seguras. Entretanto, os materiais utilizados em artroplastias de quadril evoluíram muito nos últimos anos e não se tem certeza das consequências dos exercícios na durabilidade das próteses. Também, existem pacientes que não vêem suas vidas sem atividades físicas de impacto. Estes pacientes podem ser candidatos a tipos especiais de próteses.
Doença nos dois quadris prejudica recuperação?
Em casos de doença nos dois quadris, a reabilitação pode ser dificultada pelo quadril não operado doente. A decisão de operar e quando operar o outro lado dependente de vários fatores, sendo a cirurgia bilateral no mesmo dia uma opção boa para alguns pacientes. Os problemas no joelho e coluna lombar também são prejudiciais à recuperação do quadril e podem necessitar de cirurgia.
Cirurgias de revisão de artroplastia de quadril têm recuperação mais lenta?
Os pacientes submetidos a cirurgia de revisão do quadril normalmente terão recuperação mais lenta e necessitarão ser reavaliados com maior frequência. Em casos de revisão e uso de enxerto o aumento da carga deve ser mais lento, podendo demorar 3 meses ou mais para o paciente abandonar o uso de muletas. Leia mais sobre bengalas e muletas.
Devo tomar antibiótico antes de procedimentos dentários?
Certos procedimentos ginecológicos, dentários ou urinários causam a migração de bactérias para a corrente sanguínea e as mesmas poderiam infectar a prótese mesmo anos após a cirurgia. Não existe estudo comprovando que o uso de antibióticos antes destes procedimentos previne infecção da prótese, porém alguns cirurgiões os indicam.
Porque manter acompanhamento depois de 1 ano?
Alcançado o objetivo de devolver ao paciente uma vida sem dor e com movimento, o paciente não deve “esquecer do seu quadril operado”. Reavaliações clínicas e radiográficas devem ser feitas a cada 1 ou 2 anos. Este acompanhamento é necessário mesmo que não haja sintomas. Complicações frequentes como desgaste e soltura da prótese usualmente não causam sintomas até alcançarem um estágio avançado, no qual a cirurgia de revisão será mais difícil. Assim, identificar precocemente estas complicações facilita sobremaneira a cirurgia de revisão. Finalmente, o paciente também deve levar em conta este fator ao escolher o cirurgião, desde que os dois manterão uma relação por longos períodos, muitas vezes indicando uma cirurgia de revisão após 15 a 20 anos de acompanhamento.
Em casos de doença nos dois quadris, a reabilitação pode ser dificultada pelo quadril não operado doente. A decisão de operar e quando operar o outro lado dependente de vários fatores, sendo a cirurgia bilateral no mesmo dia uma opção boa para alguns pacientes. Os problemas no joelho e coluna lombar também são prejudiciais à recuperação do quadril e podem necessitar de cirurgia.
Cirurgias de revisão de artroplastia de quadril têm recuperação mais lenta?
Os pacientes submetidos a cirurgia de revisão do quadril normalmente terão recuperação mais lenta e necessitarão ser reavaliados com maior frequência. Em casos de revisão e uso de enxerto o aumento da carga deve ser mais lento, podendo demorar 3 meses ou mais para o paciente abandonar o uso de muletas. Leia mais sobre bengalas e muletas.
Devo tomar antibiótico antes de procedimentos dentários?
Certos procedimentos ginecológicos, dentários ou urinários causam a migração de bactérias para a corrente sanguínea e as mesmas poderiam infectar a prótese mesmo anos após a cirurgia. Não existe estudo comprovando que o uso de antibióticos antes destes procedimentos previne infecção da prótese, porém alguns cirurgiões os indicam.
Porque manter acompanhamento depois de 1 ano?
Alcançado o objetivo de devolver ao paciente uma vida sem dor e com movimento, o paciente não deve “esquecer do seu quadril operado”. Reavaliações clínicas e radiográficas devem ser feitas a cada 1 ou 2 anos. Este acompanhamento é necessário mesmo que não haja sintomas. Complicações frequentes como desgaste e soltura da prótese usualmente não causam sintomas até alcançarem um estágio avançado, no qual a cirurgia de revisão será mais difícil. Assim, identificar precocemente estas complicações facilita sobremaneira a cirurgia de revisão. Finalmente, o paciente também deve levar em conta este fator ao escolher o cirurgião, desde que os dois manterão uma relação por longos períodos, muitas vezes indicando uma cirurgia de revisão após 15 a 20 anos de acompanhamento.
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As informações contidas neste texto nunca substituirão uma consulta médica. Além disso, não devem ser usadas para qualquer forma de diagnóstico ou tratamento sem avaliação de um profissional médico.
Referências:
- Abbas G, Waheed A. Resumption of car driving after total hip replacement. J Orthop Surg (Hong Kong). 2011.
- Brander VA, Stulberg SD, Chang RW. Rehabilitation following hip and knee arthroplasty. Phys Med Rehabil Clin North Am. 1994
- Stern SH, Fuchs MD, Ganz SB, et al. Sexual function after total hip arthroplasty. Clin Orthop. 1991
- Laffosse JM, Tricoire JL, Chiron P, Puget J. Sexual function before and after primary total hip arthroplasty. Joint Bone Spine. 2008 Mar;75(2):189-94. Epub 2007
- Ganz SB, Levin AZ, Peterson MG, Ranawat CS. Improvement in driving reaction time after total hip arthroplasty. Clin Orthop Relat Res. 2003.
- MacDonald W, Owen JW. The effect of total hip replacement on driving reactions. J Bone Joint Surg Br. 1988.
- Munin MC, Rudy TE, Glynn NW, Crossett LS, Rubash HE. Early inpatient rehabilitation after elective hip and knee arthroplasty. JAMA. 1998.
- Ethgen O, Bruyère O, Richy F, Dardennes C, Reginster JY. Health-related quality of life in total hip and total knee arthroplasty. A qualitative and systematic review of the literature. J Bone Joint Surg Am. 2004.