- IMpacto femoroacetabular
O impacto entre o fêmur e o acetábulo (Impacto femoroacetabular) é uma causa frequente de dor no quadril. Esta doença é a principal causa de lesões do lábrum e da cartilagem do quadril em adultos jovens. Também é a principal indicação para a cirurgia de artroscopia do quadril.
A estrutura óssea do quadril é composta pelo acetábulo e cabeça femoral. Em quadris normais, a cabeça femoral não impacta (“não bate”) na borda do acetábulo durante os movimentos rotineiros ou exercícios.
A estrutura óssea do quadril é composta pelo acetábulo e cabeça femoral. Em quadris normais, a cabeça femoral não impacta (“não bate”) na borda do acetábulo durante os movimentos rotineiros ou exercícios.
Quais os tipos de impacto femoroacetabular?
Existem dois tipos de deformidades que provocam o impacto da cabeça femoral contra o acetábulo: tipo cam (“came”) e tipo pincer (“pinçamento”). A deformidade tipo cam é caracterizada pelo contorno anormal da transição entre colo e cabeça femoral. A deformidade tipo pincer representa a cobertura excessiva da cabeça femoral pelo acetábulo.
Existem dois tipos de deformidades que provocam o impacto da cabeça femoral contra o acetábulo: tipo cam (“came”) e tipo pincer (“pinçamento”). A deformidade tipo cam é caracterizada pelo contorno anormal da transição entre colo e cabeça femoral. A deformidade tipo pincer representa a cobertura excessiva da cabeça femoral pelo acetábulo.
O impacto tipo pincer é mais frequente em mulheres e o tipo cam em homens. Apesar de classificar-se as deformidades do IFA em dois tipos, 50 a 75% dos pacientes apresenta uma combinação de ambos os tipos (cam e pincer).
O que causa as deformidades tipo cam e pincer?
Acredita-se que a maioria das deformidades no fêmur e acetábulo são secundárias a doenças do quadril na infância e adolescência. Doenças como o escorregamento da epífise proximal do fêmur e Legg-Calvé-Perthes podem levar às deformidades tipo cam e pincer. Em algumas crianças estas doenças não causam sintomas e somente serão reconhecidas na idade adulta com o processo de artrose. As radiografias abaixo ilustram o escorregamento da epífise proximal do fêmur (epifisiólise - em vermelho) e o lado normal em azul.
O que causa as deformidades tipo cam e pincer?
Acredita-se que a maioria das deformidades no fêmur e acetábulo são secundárias a doenças do quadril na infância e adolescência. Doenças como o escorregamento da epífise proximal do fêmur e Legg-Calvé-Perthes podem levar às deformidades tipo cam e pincer. Em algumas crianças estas doenças não causam sintomas e somente serão reconhecidas na idade adulta com o processo de artrose. As radiografias abaixo ilustram o escorregamento da epífise proximal do fêmur (epifisiólise - em vermelho) e o lado normal em azul.
Algumas pesquisas têm demonstrado que crianças e adolescentes com níveis elevados de atividade física têm risco maior de desenvolver deformidades tipo cam. Além disso, estudos em jogadores de futebol americano descrevem que cerca de 80% têm um sinal ou mais de IFA nas radiografias. A evolução no formato do quadril dos macacos até o homem também ajuda a explicar as deformidades tipo cam e pincer (para saber mais clique aqui). Fraturas do fêmur e acetábulo consolidadas (cicatrizadas) com deformidade podem resultar em IFA. Existem outras causas de impacto entre o fêmur e o acetábulo, como tumores benignos, osteotomias do quadril e artroplastias do quadril.
Por que o impacto femoroacetabular causa dor?
O lábrum e a cartilagem acetabulares são lesados no IFA. O lábrum é ricamente inervado por fibras da dor que são estimuladas pela lesão do impacto. Além disso, a lesão na cartilagem pode causar dor. Na posição de impacto (geralmente com o quadril flexionado), a deformidade tipo cam comprime a cartilagem acetabular e estira o lábrum.
Por que o impacto femoroacetabular causa dor?
O lábrum e a cartilagem acetabulares são lesados no IFA. O lábrum é ricamente inervado por fibras da dor que são estimuladas pela lesão do impacto. Além disso, a lesão na cartilagem pode causar dor. Na posição de impacto (geralmente com o quadril flexionado), a deformidade tipo cam comprime a cartilagem acetabular e estira o lábrum.
A deformidade tipo pincer também lesa a cartilagem e o lábrum, porém a alesão maior é no lábrum, o qual é comprimido entre o fêmur e o osso acetabular na posição do impacto. Este processo pode causar a calcificação do lábrum e aumentar o impacto.
O impacto femoroacetabular causa artrose?
A cada ano são publicadas novas pesquisas mostrando a relação entre o impacto femoroacetabular e artrose do quadril. Entretanto, ainda não existe consenso neste tema. Alguns pacientes com deformidades tipo cam ou pincer desenvolvem artrose e outros não. Deste modo, parecem haver outros fatores que também influenciam o desenvolvimento da artrose, por exemplo a predisposição genética.
Quais os sintomas causados pelo impacto femoroacetabular?
Dor é a principal queixa, em geral maior durante atividades físicas. Alguns pacientes apresentam dor no joelho, púbis e articulação sacroilíaca como consequência de doença no quadril. Outras queixas incluem: mobilidade reduzida do quadril, travamentos e cliques.
São necessários exames complementares no diagnóstico?
Exames de raio X (radiografia) são usados para avaliar a estrutura óssea e as deformidades tipo cam e pincer. Tomografia computadorizada e ressonância magnética também podem ser úteis, especialmente em casos com indicação cirúrgica. Outros exames podem ser necessários para descartar diagnósticos diferenciais.
Entretanto, os recursos mais importantes do diagnóstico são a história e o exame físico. É comum que exames de imagem mostrem deformidades tipo cam e pincer em pacientes sem sintomas no quadril. Adicionalmente, doenças em tecidos moles do quadril podem ser responsáveis pelos sintomas, como lesões musculares, tendíneas, capsulares e neurovasculares. Portanto, a definição da causa da dor depende em primeiro lugar do exame físico e história, seguidos da análise conjunta com os exames de imagem.
Tratamento
Métodos de tratamento conservador do IFA podem ser tentados nos primeiros meses. Eles incluem medicações para dor, fisioterapia e mudanças nas atividades físicas. Porém o impacto femoroacetabular é uma doença mecânica e a maioria dos pacientes não evolui bem com tratamento sem cirurgia e acaba por abandonar esportes ou praticar com dor.
As cirurgias para tratamento do impacto femoroacetabular são divididas em dois grupos:
O formato das estruturas ósseas (morfologia) definirá o tipo de cirurgia a ser empregado. A grande maioria das deformidades tipo pincer ou cam podem ser tratadas através de videoartroscopia, utilizando materiais especiais que permitem a ressecção da parte óssea excessiva. Em casos em que é necessária a remoção de parte do osso acetabular, geralmente são utilizadas âncoras para refixação do lábrum. Muitas vezes pacientes com impacto fêmoro-acetabular apresentam doenças em outras camadas do quadril que tembém necessitam tratamento e podem tornar a cirurgia mais complexa, especialmente nos casos de instabilidade do quadril. Alguns casos complexos demandam a utilização de técnicas abertas como a luxação cirúrgica do quadril ou cirurgias de osteotomia acetabular.
A cada ano são publicadas novas pesquisas mostrando a relação entre o impacto femoroacetabular e artrose do quadril. Entretanto, ainda não existe consenso neste tema. Alguns pacientes com deformidades tipo cam ou pincer desenvolvem artrose e outros não. Deste modo, parecem haver outros fatores que também influenciam o desenvolvimento da artrose, por exemplo a predisposição genética.
Quais os sintomas causados pelo impacto femoroacetabular?
Dor é a principal queixa, em geral maior durante atividades físicas. Alguns pacientes apresentam dor no joelho, púbis e articulação sacroilíaca como consequência de doença no quadril. Outras queixas incluem: mobilidade reduzida do quadril, travamentos e cliques.
São necessários exames complementares no diagnóstico?
Exames de raio X (radiografia) são usados para avaliar a estrutura óssea e as deformidades tipo cam e pincer. Tomografia computadorizada e ressonância magnética também podem ser úteis, especialmente em casos com indicação cirúrgica. Outros exames podem ser necessários para descartar diagnósticos diferenciais.
Entretanto, os recursos mais importantes do diagnóstico são a história e o exame físico. É comum que exames de imagem mostrem deformidades tipo cam e pincer em pacientes sem sintomas no quadril. Adicionalmente, doenças em tecidos moles do quadril podem ser responsáveis pelos sintomas, como lesões musculares, tendíneas, capsulares e neurovasculares. Portanto, a definição da causa da dor depende em primeiro lugar do exame físico e história, seguidos da análise conjunta com os exames de imagem.
Tratamento
Métodos de tratamento conservador do IFA podem ser tentados nos primeiros meses. Eles incluem medicações para dor, fisioterapia e mudanças nas atividades físicas. Porém o impacto femoroacetabular é uma doença mecânica e a maioria dos pacientes não evolui bem com tratamento sem cirurgia e acaba por abandonar esportes ou praticar com dor.
As cirurgias para tratamento do impacto femoroacetabular são divididas em dois grupos:
- Cirurgias de substituição articular ou artroplastia do quadril, indicadas nos casos de lesão avançada da cartilagem articular;
- Cirurgias de preservação articular, osteoplastias e osteotomias, indicadas nos casos de cartilagem preservada ou com lesão inicial;
O formato das estruturas ósseas (morfologia) definirá o tipo de cirurgia a ser empregado. A grande maioria das deformidades tipo pincer ou cam podem ser tratadas através de videoartroscopia, utilizando materiais especiais que permitem a ressecção da parte óssea excessiva. Em casos em que é necessária a remoção de parte do osso acetabular, geralmente são utilizadas âncoras para refixação do lábrum. Muitas vezes pacientes com impacto fêmoro-acetabular apresentam doenças em outras camadas do quadril que tembém necessitam tratamento e podem tornar a cirurgia mais complexa, especialmente nos casos de instabilidade do quadril. Alguns casos complexos demandam a utilização de técnicas abertas como a luxação cirúrgica do quadril ou cirurgias de osteotomia acetabular.
Para maiores detalhes a respeito da técnica artroscópica você pode acessar a aula videoartroscopia ou assistir ao vídeo clicando aqui.
As informações contidas neste texto nunca substituirão uma consulta médica. Além disso, não devem ser usadas para qualquer forma de diagnóstico ou tratamento sem avaliação de um profissional médico.
Referências:
Referências:
- Ganz R, Parvizi J, Beck M, Leunig M, Nötzli H, Siebenrock K a. Femoroacetabular impingement: a cause for osteoarthritis of the hip. Clin Orthop Relat Res. 2003;(417):112–20.
- Murray RO, Duncan C. Athletic activity in adolescence as an etiological factor in degenerative hip disease. J Bone Joint Surg Br. 1971;53(3):406–19.
- Kapron AL, Anderson AE, Aoki SK, Phillips LG, Petron DJ, Toth R, et al. Radiographic prevalence of femoroacetabular impingement in collegiate football players: AAOS Exhibit Selection. J Bone Joint Surg Am. 2011;93(19):e111(1–10).
- Hogervorst T, Bouma HW, de Vos J. Evolution of the hip and pelvis. Acta Orthop Suppl. 2009;80(336):1–39.
- Hartofilakidis G, Bardakos N V, Babis GC, Georgiades G. An examination of the association between different morphotypes of femoroacetabular impingement in asymptomatic subjects and the development of osteoarthritis of the hip. J Bone Joint Surg Br. 2011;93(5):580–6.
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